sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

22 de janeiro.

Vão passar mil anos e nada do que me aconteça será capaz de apagar essa história. Roteiro de filme. O drama do impossivel para quem tudo crer, mesmo sem poder. Quando se encontra alguem por obra do destino, as coisas realmente soam como um conto literaturavel. Na verdade o encontro é bem mais simples e menos frequentes do que os desencontros posteriores. O tempo que sugere fim a tudo que se inicia, passa a não ter significado. O mundo em volta, passa a girar por girar e tudo em volta por mais belo que seja passa a ser coadjuvante. Algo sobrenatural parece acontecer quando pele a pele acontece a aproximação. Em um dia, parecia ter vivido uma vida inteira. E quando a lua deu lugar ao sol, o desencontro galopante seguiu ao meu encontro. Arcordar de um sonho parece muito menos poético quando acontece na vida real. A partir dai , emergiu um nó, que se instalou por minha garganta durante 341 dias. Quando voce ressurgiu em minha vida. Mais uma semana, até que o inevitavel adeus viesse a tona. Dessa vez jurei que nao derramaria uma lagrima sequer. Só cumpri a promessa na sua frente. Porque assim que voce me abraçou , me disse aquilo e entrou naquele onibus. Eu virei as costas e sai sem rumo, tentando conter a insistente angustia e dor que brotavam nos meus olhos. A partir dai, eu já sabia. Vieram as seguidas discussoes. Tudo culpa da distancia.Não soubemos nos doar na mesma medida,pelo simples fato de vivermos sem medidas. E o silencio, principalmente o meu, te agrediu de tal forma que acabamos por permanecer nele. Se naquela epoca eu entedesse que nessa equação, a ordem dos fatores altera o produto e que amor não é ciencia exata. Simples assim. Ai eu absorveria com menos dor o fato de sermos apaixonados um pelo outro, não estarmos juntos e pior, com outra pessoa.
Cause this is our fate. Somos serra e litoral, nosso final é simples:

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Dos casais.

Vila Velha, Janeiro de 2011.
Esta tarde tambem ardentemente quente, começou com a incontrolável vontade do meu irmão de comer peixe frito. Andamos pela praia, até encontrarmos um restaurante beira-mar especializado em peixes. Nos sentamos, fizemos o pedido. Naquele momento entrara no restaurante um casal. Ele( mais tarde soube tratar-se de Jorge) de pele morena, olhos redondos e castanhos. Ela ( que descobrir ser D. Maria) de olhos profundamentes azuis que pareciam engulir o céu, e pele fina e branca como as nuvens. Sentaram- se a nossa frente. Não se tratava apenas de um casal de idosos fofinhos, bonitinhos e coisa e tal. Eram diferentes. Me conquistaram com o olhar. Quando D. Maria se levantou para ir ao banheiro e ele seu Jorge a acompanhou para conduzi-la, percebi que havia algo bastante peculiar naquele casal. Quando voltaram, logo tratamos de puxar assunto. Em pouco tempo descobri o que cada um fazia, o que gostavam de fazer juntos e como se conhecerão. Ambos, antes viúvos se conheceram num encontro de terceira idade, e se apaixonaram. Meu encantamento por eles parecia não ter mais fim. Não demorou muito para eu entender o que acontecia ali. D. Maria tem Alzheimer. E por isso, durante a conversa repetiu diversas vezes a mesma coisa. Troquei emails com seu Jorge, que possui uma radio e um blog. Fechei a conta, me despedi e fui embora. Saindo de lá com os que me acompanhavam, me afastei. Longe de todos, nao contive o choro. Eu estava completamente envolvida com eles. A doçura que eles transmitiam pelo olhar me seduzira de tal forma que chegara a machucar. Eu chorava por ver amor puro e sincero. Eu chorava por ver o tempo levar aos poucos as peças do quebra-cabeça daquelas vidas tão sobrenaturalmente unidas. Eu chorava por medo, de passar pela vida e nao me encontrar em alguem, como aqueles dois se encontrarao. Eu chorava por estar apaixonada pelo amor que eles sentem um pelo o outro.
Não choro mais pela alegria de saber que os dois juntos enfrentam a dolorosa fuga do tempo.

Dos Anonimos

Era uma tarde quente e o sol já ameaçava o adeus. O calor que entorpecia meu corpo não me deixava concentrar na tristeza que pairava sobre mim. Sai andando e quando vi corrria com pressa, segurando o choro que insistia em alcançar meu rosto. Encontrei no fim da praia, sobre a vegetação rasteira um abrigo para angustia aveludada que me cobrira naquela tarde de verão. Sentei-me e olhando para aquela imensidão azul deixei a dor transbordar. Era um choro guardado de um ano inteiro. Era um choro de uma angustia e frustração que me guiaram durante todo o ano que se passara. O vento forte lambia meus cabelos e parecia consolar-me como um pai que acaricia as buchechas de sua filha e garante que tudo há de passar. Foi então que surgiu no meu horizonte um homem. Jovem e com um rosto estranhamente familiar. Passando por mim, ele me questionou e só recebeu de volta um belo sorriso cheio de lagrimas. Então ele sentou ao meu lado bem rente ao meu corpo, e começou a contar-me do seu motivo para chorar. Ficamos ali por horas, conversando. Era como se eu estivesse ali sentada com o meu melhor amigo. Quando percebi, já era noite. Na pressa de ir embora, me lavantei apertei sua mão. Agradeci e sai correndo. Feliz, como se todo o peso que se acumulava em minhas costas fosse tirado por aquele rapaz e jogado ao mar. Comprei um churros e sai andando até em casa. Quando encontrei a primeira pessoa conhecida, fui logo contando do rapaz que eu conhecera na praia, mas quando pergutaram qual era o seu nome. Bem, eu nao soube dizer. Nunca saberei. O homem que transformou minhas lagrimas em sorrisos naquela tarde de verão, era um anonimo. Mais um em minha vida.
.Fate.