segunda-feira, 23 de maio de 2011

OZZ

Hoje trombei com um par de olhos feito os teus. Grandes, sobressaltados, e que pareciam querer engolir o mundo. Sabe, toda vez que lembro de voce, penso nos seus olhos. Desde pequena, mesmo sabendo o quanto voce era vingativo, eu me sentia segura por ter voce por perto. Voce nao era pior,nem melhor que ninguem. Pena voce nao ter tido certeza disso. Cresceu achando que o abandono era a unica coisa que lhe cabia. Esqueceu que quem te acolhia, aprendia a te amar e querer só o teu bem. Voce viveu para fugir disso. Ser amado era mais do que voce podia aguentar. Voce fez tudo errado. Tuas escolhas te levaram a um caminho que talvez não tenha mais volta. Mas eu ainda acredito que tenha. Acredito que voce mude, e descubra o caminho verdadeiro da felicidade. Voce me ensinou a me equilibrar sobre uma bicicleta, e todas as milhares de vezes em que eu cai, voce esteve lá para me levantar, não seria justo, agora eu te deixar caído na escura fumaça de cigarro desse quarto apertado. Ainda te espero, ainda acredito.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O dia em que faltou sol.

Depois de muito tempo, reencontrei você. Vi-o em outro que me é alheio. Não sob a mesma forma, mas sob o mesmo olhar. Compreendi esses tantos anos de tua ausência na janela. Se por muitas vezes passei direcionando o olhar para a janela do teu quarto esperando um sorriso ou uma censura sarcástica. Nada veio, só mesmo o tempo. Hoje a cortina já não é a mesma, os habitantes daquela casa tambem não. E voce, onde está? Naquele mesmo jardim em que jurava ter te visto pela última vez? No lugar onde mesmo sabendo que te perdia, eu sentia paz. Não. Agora eu tenho certeza que não devo te procurar por lá. Você está aqui, por todo tempo. Não preciso ir além de mim para sentir você. Dizer-te o que ficou, sem perder tempo em criticar o destino que tão cedo te levou de mim. Enquanto isso tua lembrança , que projeto nos olhos que miro por essas esquinas tão tuas, vem dia sim, dia não. As vezes doendo, as vezes fazendo arreganhar todo o meu maxilar. Mas sempre me lembrando do quanto eu viajei contigo, dos milhares de lugares em que te acompanhei, tudo sem nunca ter saído daqui. Naquele maio gélido perdi o sol. Na verdade parei de vê-lo, porque nunca deixei de me sentir aquecida por ele. Ainda sim, continuarei fitando sua janela.... tão triste sem você.
(Con te Partiró- Andrea Boccelli)