quarta-feira, 31 de março de 2010

Ella.

Ela tinha uma malícia peculiar. Sua personalidade era constituida por uma gama de valores paradoxais, o que a tornava uma icógnita. Não era de tudo má, apesar do veneno que carregava e difundia com seus labios bem delineados. Era sempre tão convicente, que havia quem a nomea-se como rainha da retórica. Não gostava de meio termos. Só nao havia um sorriso cobrindo sua face, quando por cansaço, se entregava ao peso da cruz. Não sabia amar, embora achasse que sim. Era cega e pespircaz. Seu sexto sentido a levava quase a crença da paranormalidade. Sua inteligência fazia-se poesia em suas meias palavras enroladas em ironia e mergulhadas em um sarcasmo quase que antietico. Não ajudava a si mesma. Nasceu para a entrega. Doar-se era verbo transitivo direto, e sua gramática não aceitava reformas. Não desejava mal á ninguem, embora esperasse cheia de pressa, a lei do retorno. Sua mente revirava-se frequentemente de forma tão insana, que ela decidiu não mais morar dentro de si. Dedicou- se a viver o exterior. Entregou-se aos outros. Foi deixando de ser sujeito, para virar complemento nominal. Mas, o vazio de nao ser ela mesma, nao lhe caia bem. E o tempo, as pessoas foram a arrastando...
Um belo dia diante de um espelho, se deu conta de que seu reflexo não estava ali. Via as pessoas que a amava, via seu trabalho, seus amigos, mas era incapaz de enxergar-se. Sentou-se diante do espelho e chorou a dor de ter roubado a si mesma.Chorou,chorou,chorou.... Até que levantou-se, lavou o rosto, vestiu-se com um colete preto e um lenço cor púrpura e saiu para a vida.
Depois disso não voltou para dentro de si com frequencia, mas ela sabia que o sorriso só estava lá porque sua alma transbordava.

sábado, 20 de março de 2010

O meu certo.

Demorou tempo demais pra perceber que o segredo era jogar fora todas essas receitas de felicidade e começar a fazer do meu jeito.
Não existe nada que é certo pra gente. Nada. Nem homem, nem brinquedo, nem amigas, roupas. Nada.
Eu sei que parece absurdo pensar isso, mesmo porque crescemos acreditando em metade da laranja, no vestido perfeito, na profissão de nossas vidas. Mas se você parar bem pra pensar, vai perceber que o certo e o errado depende muito do nosso momento. O que num dia é a pior escolha, pode ser a melhor daqui um mês ou dois. Tem epocas, que o melhor é estar só, embora em outros tempos a solidão seja atestado de infelicidade.
Se a gente nascesse pensando assim, tudo ia ser mais fácil. Não sofreriamos horrores no término de um namoro achando que perdemos o cara certo.Não nos sentiriamos gordas por não caber naquele vestido tubinho azul ciano.
Mas a gente prefere pensar que a pessoa certa e na verdade a errada, ou sei lá mais o que.
Afinal, temos de convir que ser vítima emocional é bem mais facil e badalado hoje em dia.
E quer saber, a hora é de largar todas essas teorias mirabolantes, de mandar todas as laranjas sem metade do mundo pra lua. É o MEU tempo de ser passional, de descobrir, de ser egoísta, de ter o mundo. Tempo de querer o que sempre se quis, sem riscos. Tempo de respirar você.

sábado, 6 de março de 2010

Título em negrito ou itálico?

Tomar uma decisão na vida nao é tarefa fácil, principalmente quando entendemos a decisão como escolha eterna. Isso tudo começa logo na infância, quando nós, pequenos inocentes e deslumbrados burguesinhos morremos de dúvida se queremos a barbie e as princesas ou o castelo da poly. Insistimos com o uso sórdido da pirraça pra tentar lucrar os dois, mas nem sempre o papai noel é generoso o suficiente.A verdade é que desde cedo a ideia de ter que decidir nos aterroriza.Queremos tudo ao mesmo tempo.Somos a geração que nasceu em cima do muro.Queremos sol e chuva (casamento de viúva) ao mesmo tempo. Queremos estudar pra prova, mas tambem queremos(muito) ir naquela festa. Mas chega uma hora que a gente tem que escolher,e ponto final. E ai?Morremos de indecisão, e só. O que eu acho mesmo é que essa indecisão não se deve tanto pela insegurança do individuo. A culpa são das milhões de opçoes esplendorosas que nos deixam em extâse, e que batem a nossa porta, bem na hora que estamos fechados pra balanço. Além da diversidade de escolhas, somos vitimas certas do medo de viver uma escolha e morrer pra outra. E antes que você rotule toda essa ideologia como radicalismo, me adianto que é preciso que se entenda a morte nesse contexto como processo necessario para que haja vida,e para que possamos ser inteiros naquilo que escolhemos. O que vale ter consciência é que ninguem tem 100% de certeza de alguma coisa, e que nossas escolhas tem metade das chances de darem certo e 0,00000000000001% de chance de nao valerem nem como aprendizado. Temos que parar de escolher certas coisas pensando no que isso vai nos proporcionar, e começar a ir sentindo. É preciso usar a cebeça e ver com o coração. Mérito de poucos.