quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

jovem senhora.

Tenho sonhado seguidas vezes com uma senhora que conheci semanas atrás. Eu estava em um ponto de onibus em frente a um hospital, e o céu muito cinza mostrava que muita chuva estava por vir. Nesse ponto de onibus estavam eu, uma mulher de cabelos vermelhos olhos caidos e boca chupada, e ai lado dela um rapaz corpulento de regata laranja. Foi entao que surgiu uma mulher: olhos fundos, descabelada, vestindo uma saia indiana com uma sobreposiçao de couro e um tenis preto. Ela olhou nos olhos de nos tres. Ela me escolheu. Sentou e pegou a minha mão. Eu fiquei atonita, nao disse nada e voltei o rosto pra mulher. Ela me disse o seu nome que ja nao me lembro bem, pois eu só conseguia reparar no ser que estava na minha frente. Entao ela pediu que eu lesse um protuario médico, afirmando não saber ler. Entao eu peguei o papel já amassado e fui abrindo cautelosamente- eu tinha medo-. A receita falava de uma remedio que eu nunca tinha ouvido falar, e ela insistentemente me pedia que a fizesse entender sobre o que ela tinha que tomar. Foi entao que lendo a receita, vi que nela havia em negrito uma advertencia sobre NÃO INGERIR BEBIDA ALCOOLICA. Foi então, que chegando mais perto do rosto dela, eu pude sentir um cheiro incomodo de bebida. Nessa hora todos os que estavam no ponto ja haviam ido, só sobrando eu e ela. Ela só se referia a mim como 'bela jovem senhora', não dizia coisa com coisa, mas ouvia com uma atenção quase ingenua tudo o que eu falava. Ela tambem repetia sem parar que havia desmaiado na rua e que só havia sido trazida para aquele hospital 'de rico' porque era o mais próximo. Mas o apice desse epsodio, foi quando ela pediu que eu não fosse embora, e enquanto ela ia enfiando a mão na bolsa, ela foi dizendo : ' nao precisa preocupar jovem senhora, eu só tirei uma faca pro meu marido uma vez e mesmo assim nem o matei'.
Nessa eu hora eu tive muito medo, mas nao me levantei. Permaneci imovel olhando pra ela, e ai ela tirou da bolsa sua identidade. Pediu que eu verificasse a foto e a assinatura. Mas nesse momento passou uma viatura de policia, e ela se desconcertou toda falando que nao queria policia. Naquele momento, eu já nao sabia o que pensar, entao desisti do onibus me levantei despedindo e fui em direção a um táxi. E foi nesse momento que ela me perguntou qual era minha profissão, e eu respondi que era estudante mas que queria ser médica. Ela exclamou: grande medica voce será, jovem senhora! E eu fui andando, e enquanto meus olhos alcançaram pude ver ela sorrindo e dando um cordial adeus! E, bem, eu não sei quem é ela, não tenho idéia sobre seus problemas, e nada sei sobre sua vida: mas sei que na sua passagem pela minha vida, ela me ensinou a ver gente por tras da capa e a ser gente por tras do medo.