sábado, 19 de março de 2011

do passado

Hoje eu senti saudade do que eu tinha antigamente. Minha infância foi muito intensa e é parte inerente da minha personalidade. Ao contrário da maioria das pessoas que convivo hoje, eu tive a oportunidade de conviver com gente sem recurso, as vezes sem sonho, e cheias de vontade de viver. Eu amava viver naquela casa. O porão era escuro,cheirava mofo, mas era o meu lugar no mundo. Eu me escondia de tudo lá, e folheava sem entender livros de ciência ultrapassada. Meus avós eram muito humildes, tinham o suficiente para viver, nada mais. Incrivel, era como eu me sentia amada lá. Mesmo em um banheiro ainda mal acabado, dormindo com a minha mãe, longe do meu pai. A vida girava ao meu redor, mas eu queria mais. Queria aquela casa amarela da rua principal com os meus pais casados. Era o que eu pedia todas as quintas. Na sexta, ele ia me visitar. E abafava a saudade que me rondava por toda a semana. Nessa hora meu coração de criança que só sabia querer porque queria, queria um pouco do sonho e uma dose de realidade. O sonho aconteceu, e a realidade passou a me arrancar lágrimas todos os domingos a noite, quando o carro se afastava do meu lar, deixando para traz o adeus apertado de minha avó ser encoberto pela esquina em que aprendi a andar sozinha de bicicleta.

terça-feira, 1 de março de 2011

Morte em Vida .

Algumas experiencias que temos na vida , por mais simples que pareçam, tornam-se divisores de aguas nos nossos caminhos.Muito se aprende quando o medo entope nossas veias de adrenalina, e a fé empoça nossos nervos. Quando a chuva bate lá fora, insistente e assustadora. Os caminhos agora lamacentos, tornam os freios instrumentos sem valor. O desespero de um tropeço, faz do desvio uma batida quase aliviada. Nessas horas surgem os chamados anjos. Os pré-destinados a estarem lá naquele dia, naquela hora. Saem no meio da chuva, com uma tranquilidade de quem está sendo acariciado pelos pingos da tempestade. Enfiam o pé na lama, e com uma força aparentemente soberana nos trazem de volta ao caminho. Esses anjos não acabam com a chuva, tão pouco tornam a estrada menos escorregadia, mas nos fazem crer e nos ajudam a passar por aquilo. Talvez, não exista obrigados o suficiente para agradece-los, mas a gratidão que eles nutrirão em mim, quem sabe,passe a protege-los para sempre. Morrer não dói. Dá medo de deixar quem fica, de encontrar quem foi. Mas doer, isso não.